Direito 4.0: Empreendedores do Direito x Operadores do Direito

A profissão de Direito é sem dúvida uma das carreiras mais tradicionais da história da humanidade O Direito é um ciência que aplica as normas jurídicas vigentes em um país, com o objetivo de organizar as relações entre indivíduos e grupos na sociedade. É possível escolher entre diversas carreiras: atuar como advogado, carreira jurídica na área corporativa ou seguir na carreira jurídica pública, por exemplo.

E o que há de fato novo na área do Direito, do ponto de vista de carreira e/ou atuação profissional?

O mundo mudou, temos a revolução industrial 4.0 com a robótica, à internet das coisas e a mudança do próprio conceito do que é um profissional competitivo, preparado para o mercado.

Será que ainda tem sentido o profissional do Direito se veja limitado a figura tradicional do operador do Direito?

Independente dos aspectos mais éticos, legais e/ou jurídicos que traremos em alguns dos parágrafos abaixo, podemos definir para fins deste artigo, a expressão “operador do Direito” como aquele profissional que atua na área do Direito focado exclusivamente nas suas competências técnicas, nos aspectos especializados deste amplo segmento de mercado.

O operador do direito na sociedade, é o responsável pela gestão do sistema jurídico, sendo o magistratado um dos principais focos nesta gestão, já que ele é responsável pela lide no âmbito. É certo que o bom operador do Direito deverá dedicar-se não só ao estudo da ciência do Direito, mas também ter o devido contato com as matérias que englobam outros campos, principalmente os ligados ao ser humano, para obter a eficiência e eficácia em suas atividades.

O direito como fato social é um mecanismo de controle, limitador das vontades do estado e homologador das prerrogativas do povo. A priori, sabemos que as parcelas do poder que são conferidas aos senhores operadores do direito são ferramentas de grande valia para uma nação mais justa e equilibrada.

A nossa empresa, Damicos Consultoria tem mais de 15 anos atuando com profissionais da área do Direito, como também já tendo atendido diversos escritórios de advocacia de pequeno, médio e grande porte, aos quais preferimos chamar de empresas na área do Direito. Nestes trabalhos já realizamos e temos realizado:

  1. Planejamento estratégico;
  2. Suporte a profissionalização de gestão;
  3. Ações no campo da estruturação e/ou reestruturação dos processos e/ou atividades de gestão de pessoas; e
  4. Programas de acompanhamento profissional através de assessoramento direto e individual a sócios destas organizações, com um mix de metodologias no campo da mentoria, coaching, consultoria, etc.

E com base no que temos vivido, percebemos que as empresas da área do Direito que evoluíram, como também seus sócios e profissionais tiveram que se reinventar e continuam se reinventando no caminho do Direito 4.0 ou do que podemos chamar de empreendedores do Direito.

Portanto, entendendo que a figura tradicional do operador do Direito ou daquele que simplesmente tem o domínio técnico e/ou especializado do seu campo de atuação não garante o sucesso profissional e/ou do escritório de advocacia.

E o que seria este profissional do Direito 4.0 ou empreendedor do Direito?

No nosso conceito é alguém competente para empreender na área jurídica, como sócio ou como um profissional que compõe o quadro de uma empresa na área do Direito ou não, com o chamado de “espirito de dono”.

O empreendedor do Direito é aquele profissional que conhece e sabe utilizar seus diversos ativos profissionais, sua inteligência emocional e suas competências comportamentais em prol do seu desempenho e/ou da sua organização.

Mesmo para os não afortunados de viverem intensamente este meio tão rico e desafiador, afinal de contas tudo passa pelo Direito, se lembrarem um pouco de grandes filmes que exploraram esta nobre atividade, como “Advogado do Diabo”, “Suits” da NETFLIX, “A firma” (1993), “A qualquer preço” (1998), “Hotel Ruanda” (2004), “12 homens e uma sentença” (1957), “Erin Brockovich — uma mulher de talento” (2000), “Um sonho de liberdade” (1994), “Legalmente loira” (2001), “O silêncio dos inocentes” (1991), entre tantos outros, não tenha dúvida que o que
mais chama atenção são as soft skills dos personagens que atuam como profissionais de Direito, ou seja, suas competências comportamentais.

Se pensarmos tanto no profissional individualmente falando quanto na empresa da área do direito (escritório de advocacia) poderíamos trazer elementos ligados, a segurança/autoconfiança, gestão do tempo, gestão das emoções, lidar com pressões, disciplina para prospecção de novos clientes, marketing pessoal, networking, liderança, relacionamento interpessoal, entre tantas outras competências do campo do intangível.

No caso dos escritórios, percebemos que muitas vezes os seus sócios não entenderam ou não conseguem exercer este papel de empreendedor ou de gestor de uma organização e ficam reféns de um cotidiano insano de advogados, tornando sua empresa um simples CNPJ ou espaço em que alguns profissionais se juntaram para unir forças na área do Direito.

A própria falta de clareza de busca ou fortalecimento de novos nichos de mercado ou da evolução para escritórios de advocacia especializados em campos de atuação (trabalho, consumidor, eleitoral, etc.) e/ou segmentos (indústria, varejo, instituições financeiros, instituições esportivas, etc.), seja no viés individual ou institucional passam por estas novas competências do que chamamos aqui de Direito 4.0.

Para ilustrar nosso artigo, segue abaixo, alguns depoimentos de profissionais ou empresas da área do Direito que já vivenciaram de alguma forma nossas ideias, métodos ou trabalhos no campo das palestras, workshops, consultorias de gestão e assessoramento direto e individual, são eles:

“Quando decidimos fundar a Garcia & Moreira, nós, profissionais com mais de 20 (vinte) anos de experiência na advocacia, tínhamos o objetivo de não cometermos alguns erros do passado, vinculados à noção deturpada de que um escritório de advocacia e seus componentes, para ter sucesso, não precisaria se preocupar com assuntos que não fossem, pelo menos numa análise perfunctória, diretamente relacionados à atividade judicante. Dentro deste nosso novo ideal, procuramos a Damicos Consultoria para nos auxiliar a encontrar o foco necessário para nosso pleno desenvolvimento, não só como profissionais atuantes no mundo do direito, mas também como gestores e empresários - cientes de nossos objetivos - de forma pragmática, responsável e profissional. Querem saber de uma coisa? Foi umas das melhores decisões que tomamos.”

Deraldo Moreira Barbosa Neto, Sócio do Escritório Garcia & Moreira Advocacia

“A nova onda tecnológica que a sociedade vive não deixou o Direito e, consequentemente, os escritórios de advocacia de fora. Soluções tecnológicas para otimização de resultados e ganho de eficiência têm sido práticas que visam à sobrevivência num mercado cada dia mais exigente e
competitivo. A implantação de soluções voltadas à gestão eficiente de processos, de pessoas, com equipes multidisciplinares e com uma visão além da clássica técnica do direito, tem ajudado o nosso escritório a crescer de maneira sustentável, entregando aos clientes os resultados que esses esperam, não só em relação à boa técnica, mas, principalmente, em relação à gestão de informação, fluxos de trabalho e auxílio na tomada de decisão estratégica-empresarial. Essa tem sido a tônica dos escritórios em relação ao Direito 4.0.”

André Pessoa, Sócio do Pessoa & Pessoa Advogados Associados

“Com certeza, a gestão da carreira é importantíssimo, não apenas para se adequar a realidade que se transforma constantemente, como também, ao proposito da vida, que nada mais é a missão do ser humano. Nesse sentido, cada vez mais as pessoas tem percebido que a evolução do ser, os valores pessoais não se dissociam com a profissão, e abordar o mundo digital é uma exigência da vida, quiçá, na profissão. Percebe-se que muitos pensam que o Direito é conservador, ao contrário, o mesmo têm obrigação de acompanhar a evolução da sociedade, caso contrário, não teria sentido, um Direito que não se aplicasse a atualidade, estaria na contramão da sua finalidade, isso não significa a exclusão de valores universais que foram consolidados com o decorrer da história. E por isso mesmo, nós, profissionais do direito, temos o dever de não só utilizar a tecnologia como um instrumento de otimização do tempo, como pressionar o legislativo nas mudanças necessárias à adequação ao caso concreto. Só quem ignorar a trajetória da humanidade, que estará sujeito a total exclusão do exercício efetivo da profissão. Precisamos aproveitar os benefícios da revolução 4.0 e ao mesmo tempo, combater as heranças negativas que a revolução tecnológica tem impactado.”

Karine Rocha, professora de Direito da UCSAL e membro do Escritório Saul Quadros Advogados Associados.

“Os vistosos e iluminados letreiros nas fachadas dos escritórios de advocacia estão perdendo seu protagonismo de visibilidade para uma pequena, porém constantemente expositada, marca da banca advocatícia nas mídias digitais. Cada vez mais a tecnologia se torna meio indispensável
às relações de consumo e o mundo virtual está mais real do que nunca. Inegável que o mundo assiste a uma nova revolução industrial onde o dinamismo e a multidisciplinariedade pedem passagem. Na advocacia não é diferente e a bola da vez é o advogado 4.0, aquele que entende todas
essas mudanças e as utiliza a seu favor; advogado visionário, automotivador e que oferece produtos jurídicos ricos em conteúdo técnico e inovação tecnológica. Redes sociais diariamente alimentadas com bons conteúdos estreita a relação com atuais e futuros clientes. Entretanto, como
em tudo que nos dispomos a fazer, a superdosagem tem muita chance de causar efeito colateral indesejável. É dizer, o empreendedorismo jurídico é uma areia movediça se não bem dominado, daí a importância de investir não somente no jurista mas também no marqueteiro e estrategista advogado. Como o mercado está muito longe de ser o país das maravilhas, necessário se capacitar enquanto gestor e profissionalizar sua banca, modernizando-a, afinal a sabedoria felina nos ensina que se não sabe para onde, ir qualquer caminho serve. Capacitar é preciso!.”

Icaro Bitar, Advogado, Especialista em Direito Eleitoral, Constitucional e Direito Administrativo


Desta forma, ligue seu alerta e apesar da necessidade de continuar se especializando, buscando novas áreas de conhecimento, não deixe de se trabalhar no campo do autoconhecimento, do autodesenvolvimento e da reinvenção do seu escritório de advocacia.

Fábio Rocha

Especialista em Carreira, Consultor em Sustentabilidade, Professor, Coach e Diretor-Executivo da Damicos Consultoria em Liderança e Sustentabilidade.